Número total de visualizações de páginas

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O SENHOR PRESIDENTE FALOU E DISSE

Eu podia estar comodamente sossegado, preocupando-me apenas com o meu trabalho e com os projetos em que estou envolvido, que por sinal me estão a dar enorme satisfação profissional e pessoal, mas um homem não aguente.
 Então o Senhor Presidente, como a maioria dos seus súbditos o trata, veio estes dias exigir que o Governo tome “medidas concretas “ de apoio ao setor da construção civil que, segundo ele, atravessa uma crise sem precedentes. Justificando esta exigência com o facto de a Câmara de Braga estar a dar um bom exemplo”. Vem ainda dizer que o setor da construção civil precisa de uma reestruturação, explicando que “essa reestruturação não deve implicar despedimentos, mas sim a revitalização” do setor” e que é preciso por o setor a trabalhar.
Eu sei que o Senhor Presidente é um profundo conhecedor do setor da construção civil. Diria até que, ao longo de mais de trinta anos de experiência adquirida, através da prioridade absoluta que deu sempre a este setor, pouco ou nada se preocupando com os restantes setores da atividade económica. Contudo fico surpreendido por o Senhor Presidente não apontar medidas concretas para revitalizar o setor da construção e já agora, medidas concretas também para todos os outros setores que também são “filhos de deus”. Até porque, pelo menos que me lembre, o Senhor Presidente nunca apoiou setores de atividade económica que não tivessem incorporação de betão.
De há muitos anos para cá, o poder central e o poder local, incluindo o Senhor Presidente da Câmara de Braga, são responsáveis por grande parte do que está agora a acontecer no setor da construção civil. Por incompetência pura e talvez por interesses que a própria razão desconhece.
Mas já que ninguém lhe fez as perguntas certas, faço-as eu agora.
Porque é que o Senhor Presidente, enquanto responsável político máximo pela governação do Concelho de Braga não alertou, em tempo útil, para o excesso de construção nova que se continuou a realizar? Se não sabia que já havia excesso de fogos habitacionais no Concelho, pecou por omissão e incompetência. Se sabia e não fez nada, pecou por ação.
Pois é Senhor Presidente, o senhor devia saber que em 2003, já o Concelho de Braga tinha 60.000 fogos habitacionais em excesso. Que davam para duplicar a população de Braga. Isto segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, por mim utilizados num estudo que realizei. Mas houve quem me dissesse que não tinha razão. Que o setor ainda estava pujante e rentável. Quando já na altura, eu predizia que as empresas, apesar de serem privadas, deveriam ser alertadas para a reconversão de atividade, nomeadamente para a recuperação e regeneração de imóveis degradados. E aqui sim, a Câmara poderia ter uma intervenção importante, em parceria com essas empresas, promovendo a revitalização urbana e consequentemente alavancando outras atividades, como o comércio, restauração e serviços, além de repovoar o centro histórico. Mas não o fez e em agora falar nisso com 9 anos de atraso. Na altura o setor financeiro, nomeadamente a banca, tinha capacidade e disponibilidade para apoiar estes projetos. E agora onde é que as empresas se vão financiar para desenvolver estes projetos?
O Senhor Presidente continua a achar que o Estado tem que apoiar estas empresas de construção civil em dificuldades. O Senhor e mais alguns continuam a ignorar que, no país inteiro, há 800.000 fogos excedentários (dariam para um crescimento populacional em cerca de 24%) e muitos milhões de metros quadrados de edificado de diversos tipos sem qualquer utilização, votados ao abandono e em degradação.
Então o Senhor acha, que se deve manter intacto o tecido empresarial da construção civil, sem reduzir o número e a dimensão das empresas, que são privadas tal como os lucros que obtiveram ao longo dos anos e que desconhecemos por onde andam, e que os prejuízos sejam agora nacionalizados, sendo nós contribuintes a suportá-los?
Questiona-me o senhor: E os trabalhadores, como no caso da FDO, que ficam sem emprego e sem salário? Pois é com esses e com todos os que já estejam ou que venham a ficar nessa situação, seja do setor da construção ou de qualquer outro, que me preocupo.
Mas então o que o Senhor Presidente deveria fazer e que eu já referi noutra crónica, era poupar os milhões em obras que está a anunciar e na compra de mais imóveis (como a Fábrica da Confiança) e com esse dinheiro criar um fundo de capital de apoio às empresas, para evitar que elas encerrem a atividade, evitando o desemprego de muitos trabalhadores.
Com o desemprego a aumentar, o Senhor Presidente deveria consubstanciar as suas preocupações sociais, criando um banco alimentar municipal e refeitórios sociais para as muitas famílias carenciadas, muitas delas a passar fome, em consequência do desemprego, em muitos casos de todos os elementos do agregado familiar.
Que me diz a isto Senhor Presidente? Vai responder que não está nas competências da Câmara? Só que o Senhor não pode vir com essa desculpa, porque não é verdade, pois até tem uma empresa municipal que o poderá fazer com maior agilidade e eficácia. É preciso é dar-lhe meios, já que o lote dos CTT já era.
Então o Senhor Presidente está convencido que, com mais umas obras será possível manter a viabilidade de todas as empresas privadas de construção, que proliferaram como cogumelos, muito por culpa da ausência de um planeamento estratégico para a cidade e para o Concelho de Braga, durante 35 anos? Ou acha que teremos que ser nós, os contribuintes a subsidiar com os nossos impostos todas essas empresas, mesmo as que não têm mercado, quando os lucros, no tempo das vacas gordas, ficaram com quem os obteve. E as empresas dos outros setores, como ficam no meio disto? Não têm o mesmo direito? E como se garante que esses eventuais apoios que fossem concedidos, beneficiavam os trabalhadores que são quem mais precisa?
Pronto, já sei, que o Senhor Presidente quer ficar na história como o campeão da promoção do betão.
Pois eu acho que muitos dos 700 trabalhadores da FDO votaram si porque acreditavam que, quando ocorresse uma situação económica difícil como a que está em curso, com graves consequências ao nível social e do bem-estar, o Senhor Presidente tomaria medidas que respondessem imediatamente às graves carências ocorrentes. Tal como muitos outros, trabalhadores de outras empresas também já com problemas e de outras que, inevitavelmente, virão a tê-los, votaram em si na crença de que poderiam contar consigo. Provavelmente, muitos deles estarão desiludidos.
Pense nisto Senhor Presidente, que ainda está a tempo. Mesmo sabendo que está no último mandato mas também que ainda tem 2 anos de governação.
Tem aqui a oportunidade de ficar na história por motivos que perdurarão muito mais tempo.
É que pessoas mal alimentadas, com graves carências também a outros níveis, não querem saber de mais um arranjo urbanístico, mais uma estrada ou qualquer outra obra.
O que querem é sobreviver com dignidade e muitos, infelizmente, até dificuldades têm para alimentar os filhos.

6 comentários:

  1. Caro formigueiro. Não te estejas a cansar. O homem é mais teimoso que uma...
    O betão foi sempre a menina dos olhos dele.
    Comprou o Edifício da Confiança mas não com o dinheiro dele. Disse ele que era para preservar a história. Só que daqui a uns anos vamos ter uma cidade pejada de edifícios degradados e em ruínas. Aí o setor da construção volta a ter que fazer - demolir prédios e quateirões inteiros.

    ResponderEliminar
  2. Porque será? Será do guaraná?

    ResponderEliminar
  3. Imaginemos que se passava o mesmo com as farmácias. Abria uma em cada esquina.
    Algumas teriam que passar a vender bebidas alcólicas.

    ResponderEliminar
  4. O que os trabalhadores gostavam de saber é o que foi feito a tanto dinheiro que os patrões da FDO ganharam

    ResponderEliminar
  5. Esta formiguinha asquerosa não se cala.Está a ofender o homem que fez de Braga uma grande cidade. Se calhar tinhas feito melhor seu incompetente. Ainda as vais pagar

    ResponderEliminar
  6. Sr. ou Sra. Anónimo(a). Não precisa de beijar a mão ao dono. Eu limito-me a expor as minhas ideias que, muito gostaria, de ver discutidas neste espaço. Estou a dizer alguma mentira? Não estou a ofender ninguém. Quanto às ameaças, já disse e repito que não me metem medo.
    Já agora dou-lhe um conselho: escolha bem o seu candidato nas primárias do PS de Braga.

    ResponderEliminar