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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

UM PAÍS DE AVESTRUZES

Como diz o velho ditado: "A culpa morre solteira". Portugal poderia ser o maior "exportador" mundial de actores de teatro e também, porque não, de cinema. Dizem vocês: mas este gajo está maluco!? Teríamos que gastar muitos milhões de euros em formação e os tempos não estão para isso. Respondo eu: Qual formação qual quê! Então a generalidade dos políticos, no activo desde há mais de duas décadas, são o quê senão grandes actores. Aliás não é para admirar porque o papel deles,atribuído pelos eleitores, é o de representar o povo na condução dos destinos do que é público. E eles apenas se têm enganado no "papel" que têm de representar. Não é nada demais, senão apenas um pequeno engano. Não tenho dúvidas que os políticos têm "representado" mas não a nós...

Peço desculpa mas tive que interromper. Prosseguirei logo que possível.

Minhas e meus caros, só a esta hora me consegui "libertar"  para continuar com a minha prosa.
Ora continuando, dizia eu que os políticos, salvo raras e honrosas exceções, têm representado mas não a nós, cidadãos e contribuintes. Quase todos, ao nível da administração central, regional e local  têm representado um grande "papel", proferindo agora discursos politicamente corectos (acho que tem um "c" a mais) mas esquecendo que, quando decidiram, foram mais as asneiras que fizeram do que as boas e coretas decisões que tomaram. E poucos escapam, a começar pelo atual mais alto magistrado da nação.
Para começar, porque é que, até hoje ainda não houve coragem política para aprovar uma lei do arrendamento condizente com o excesso de oferta de alojamentos habitacionais existente, desde há muitos anos e que provocou uma monstruosa imobilização de capital que tanta falta nos está a fazer. Os sucessivos governos e as autarquias, nomeadamente os Presidentes dos Municípios são os únicos e exclusivos responsáveis, por "motivos", de no país inteiro haver cerca de 400.000 alojamentod/habitações em execesso que possibiltariam, no mínimo, alojar cerca de 20 milhões de pessoas, ou seja, o dobro da população actual. Ora as projeções demográficas perspetivam para Portugal uma estagnação da população, nas próximas décadas, nos 10 milhões de habitantes. Consequentemente, temos presentemente e nos próximos anos (que são muitos) um imenso capittal empatado e não rentabilizável que imensa falta nos está e estará a fazer falta..
Fazendo umas contas simples, com base nos dados disponibilizados pelo INE e para começar temos o seguinte    panorama: 400.000 alojamentos desocupados, com uma área média de 120 m2, a um custo de 500 € por m2, dá um valor total de 7200 milhões de euros não transacionáveis, ou seja de capital improdutivo. Se juntarmos todos os edifícios não habitacionais, abandonados ou sem utilização teremos mais cerca de 5.000 milhões de euros. Acescendo os estádios, alguns dos quais apenas serviram para proporcionar prémios aos arquitetos mas que são completamente desadequados para a utilização a que se destinariam (como o estádio AXA de Braga) temos mais uns apreciáveis milhões de euros, sem ter em conta os custos de manutenção/exploração suportados pelos contribuintes (ou será que são os decisores políticos que pagam do bolso deles?). Já o outro dizia: "Com as calças do meu pai pareço um homem" ou então "eu mando vir o marisco mas vocês pagam". Mais as obras públicas que foram e continuam a ser executadas, porque o paradigma de investimento, crescimento e desenvolvimento não há meio de mudar, todas elas não rentáveis, teremos um mínimo de 50.000 milhões de capital imoblizado não rentável e não realizável.
Ora aqui é que está o cerne da questão. Todos nós, em geral,  temos culpa porque como dizia o saudoso Jorge Perestrelo: " É disto que o meu povo gosta". De representantes que são atores e que, presentemente fazem como a avestruz, enterrando a cabeça na areia. E agora quem paga estes desmandos e caprichos todos, levados a cabo pelos governos e pelas autarquias?  É sempre o Zé Povinho pois claro. Eles até acham, no plano discursivo, que foi tudo bem feito e que o grande culpado é o Alberto João Jardim. Todos os outros foram uns santos. Se assim é auditem as dívidas de todas as autarquias para sabermos, ao certo, qual é o buraco de cada uma e o respectivo contributo proporcional para o défice global.
Estou em querer, que quando isso for feito seremos confrontados com grandes surpresas.
Há muitos anos que sou contra as obrinhas, obras e obronas de mera fachada, que não contribuem em nada para a qualidade de vida das pessoas e para o desenvolvimento local, regional e nacional. Mas o povo ainda não percebeu que o dinheiro gasto, improdutivamente, nessas coisas poderia ser utilizado em prol das pessoas, e de um substantivo crescimento económico, desenvolvimento e bem estar. Muitos continuam a ser enganados pelos atores ou "representantes" que são os responsáveis pelo estado a que as finanças e a economia do país chegaram. E  o grande problema é que as "avestruzes" continuam a controlar e a prosseguir com o mesmo modo de operar, apesar de o Ministro da Economia e bem, dizer que o modelo de crescimento económico assente na construção, levado a efeito nos últimos 20 anos, está errado e que temos que optar por um outro modelo, assente no investimento reprodutivo de bens transacionáveis, substituidores de importações ou geradores de exportações. ó que os "representantes" não o ouvem, restando a opção de impedir legalmente as "avestruzes" de cointinuarem no único caminho que sabem trilhar e em que estão viciados.
Vejamos dois exemplos muito concretos. Em 2012 Portgal vai ser Capital Europeia da Cultura (Guimarês) e Capital Europeia da Juventude (Braga). O que seria de esperar e que serviu de base às candidaturas é que os financiamentos seriam prioritariamente destinados à criação e dinamização cultural, privilegiando eventos culturalmente enriquecedores e, no caso da juventude algo de muito similar em que o intangível mas reprodutivo seja dominante e dinamizador dos jovens no médio e longo prazos. Pois até aqui a desilusão está instalada. Só se ouve falar em milhões a investir em betão, com remodelações, construções, obras e similares. E quanto vai sobrar para a produção cultural e paraos eventos destinados a motivar, formar e alavancar a participação dos jovens no desnvolvimento do país?  No fim, se estiverem disponíveis, gostaria de ver as contas.
Pois é Senhor Ministro da Economia, "bem prega frei João no deserto"se os destinatários do sermão não forem obrigados a cumprir.
O Senhor Ministro tem falado muito bem e estou de acordo com quase tudo o que diz. Mas sem impor compulsivamente novas práticas e uma nova "cultura" para os "representantes" serem obrigados a cumprir, pouco ou nada irá mudar.

P.S. - Aprimorando as contas, com base nos dados do INE, considerando o capital que será necessário para reabilitar cerca de 200.000 imóveis, a conta  chegará aos 70.000 milhões de euros.


 

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